BALANÇO

Balanço: Palmeiras fecha 2025 sem títulos, mas com recorde de pontuação

Vice com maior pontuação na era dos pontos corridos, clube viveu ano de transição, investimentos milionários e tensão com parte da torcida. Abel Ferreira reforça compromisso com 2026

O Palmeiras encerra 2025 sem taças mas manteve o padrão competitivo -  (crédito: Reprodução/Instagram - @palmeiras)
O Palmeiras encerra 2025 sem taças mas manteve o padrão competitivo - (crédito: Reprodução/Instagram - @palmeiras)

O Palmeiras terminou o ano sem erguer troféus, algo raro na trajetória recente do clube e inédito na primeira temporada completa de Abel Ferreira sem conquistas. Ainda assim, o ano deixou marcas expressivas. Com 76 pontos (recorde absoluto de um vice-campeão na era dos pontos corridos com 20 clubes) o time sustentou seu padrão competitivo, protagonizou decisões e atravessou um processo profundo de reformulação, dentro e fora de campo. O cenário, no entanto, também expôs fissuras: cobranças mais duras da arquibancada, questionamentos sobre investimentos, desgaste político e um debate que Abel chama de “narrativa”.

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Em campo, o Palmeiras fez uma campanha que seria suficiente para ser campeão em sete das últimas 19 edições do Brasileiro. O recorde, porém, não rendeu taça: o Flamengo foi fechou a temporada no topo. Na última entrevista coletiva do ano, após vencer o Ceará por 3 a 1, Abel fez questão de contextualizar o momento. “A temporada de 2025 foi planejada em 2024, e agora conseguimos bater mais um recorde: 76 pontos, nunca um vice terminou com essa pontuação. Infelizmente uma equipe foi melhor que o Palmeiras, em um ano de reformulação, com 17 saídas e 11 entradas, em que investimos dinheiro para o presente e para o futuro”, afirmou.

Apesar do volume de investimento de cerca de R$ 700 milhões na montagem do elenco, o Verdão passou em branco. Foi vice do Paulistão diante do Corinthians, vice da Libertadores novamente contra o Flamengo e caiu nas oitavas da Copa do Brasil, também para o rival alvinegro. No Brasileiro, ficou em segundo com desempenho elevado, mas insuficiente para superar o campeão.

Abel no centro da pressão

Desde 2020, o técnico português colecionou dez títulos e se tornou o treinador mais vitorioso da história alviverde ao lado de Oswaldo Brandão. Em 2025, viveu um cenário inédito: três vice-campeonatos e críticas mais ruidosas de parte da torcida, especialmente após as eliminações para o Corinthians. Abel, porém, segue convicto do projeto. Ele já comunicou à presidente Leila Pereira sua intenção de permanecer até o fim do contrato, em dezembro de 2026.

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Para o treinador, não há qualquer sentido em discutir um possível encerramento. “Não posso entender como final de ciclo quando você chega a uma final de Libertadores; em seis, ir a três finais, uma semifinal e outra nas quartas. Não é final de ciclo quando nos últimos cinco ou seis campeonatos ganhou dois e ficou vice nos outros”, argumentou. A leitura interna é que o Palmeiras segue entre os protagonistas do continente. 

Reformulação profunda alterou o eixo do elenco

A transição não foi apenas técnica, mas estrutural. Entre chegadas e partidas, o elenco passou por mudanças intensas. Líderes do ciclo vitorioso recente, como Marcos Rocha e Mayke, deixaram o clube. Reforços de peso desembarcaram, como Carlos Miguel, Vitor Roque, Andreas Pereira e Paulinho, mas alguns nomes estratégicos, como Paulinho e Lucas Evangelista, passaram grande parte do ano afastados após cirurgias.

No total, o Palmeiras contratou 12 atletas e liberou 16, reorganizando faixas etárias, funções e prioridades. A reformulação, segundo Abel, foi decisiva para a oscilação em momentos-chave da temporada, mas necessária para sustentar o padrão competitivo a médio e longo prazo.

Mancha Verde sobe o tom e critica gestão esportiva

A pressão da arquibancada atingiu seu ponto mais alto no fim de semana que antecedeu a última rodada. Em nota oficial intitulada “Planejamento 2025: os culpados — Leila, Barros e Abel”, a Mancha Verde responsabilizou a presidente, o diretor de futebol Anderson Barros e o próprio técnico pela temporada sem títulos. O comunicado, em tom duro, questionou o uso de recursos, a estratégia de contratações e a condução do planejamento.

Segundo a torcida organizada, o investimento de R$ 700 milhões “impõe responsabilidade máxima”, e boa parte das chegadas teria seguido um modelo voltado à revenda, não ao reforço imediato. O grupo citou como exceções Paulinho, Andreas Pereira, Vitor Roque e Carlos Miguel, apontando Lucas Evangelista como o único que “vinha justificando o investimento” antes da lesão. A nota ainda mencionou falhas estruturais na gestão de Leila Pereira e afirmou que o clube estaria “destruindo a solidez construída nas gestões anteriores”.

Abel também foi alvo direto: a organizada o classificou como “inconsequente” em algumas decisões e reforçou críticas ao trio de comando. Ainda assim, dentro do clube, a nota é tratada como parte do desgaste natural em temporadas abaixo do padrão recente, fator  que costuma ganhar intensidade quando o Palmeiras não levanta troféus.

Entre o protagonismo e a cobrança, o que fica de 2025

Se os resultados finais não coroaram o ano, a performance competitiva impediu que a temporada fosse tratada internamente como fracasso. O Palmeiras disputou títulos importantes, manteve regularidade no Brasileiro, quebrou recordes e enfrentou a maior reformulação de elenco desde 2015. A ausência de taças acende alertas, mas também abre margem para ajustes, especialmente com a permanência de Abel e a expectativa de retorno dos reforços lesionados.

Depois de um 2025 atípico, o clube chega a 2026 com um elenco renovado, um treinador consolidado e uma direção pressionada. Cenário de um Palmeiras que continua grande, competitivo e protagonista, ainda que, pela primeira vez em anos, tenha sentido o peso do silêncio das taças.

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postado em 08/12/2025 12:39
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