
Até 17 de maio, a população do DF pode opinar sobre uma proposta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros parceiros, sobre o edital de concessão de serviços de apoio à visitação no Parque Nacional de Brasília (PNB) e na Floresta Nacional de Brasília (Flona). Segundo o instituto, o objetivo é ouvir a sociedade sobre a proposta, que prevê ações para melhorar a experiência do visitante e assegurar a conservação ambiental das duas Unidades de Conservação (UC).
Mas a concessão dos serviços de visitação à iniciativa privada também levanta preocupações sobre o acesso público e gratuito às áreas naturais. por isso, a proposta está aberta à consulta pública on-line e será discutida com a sociedade civil, conselhos das unidades de conservação, comunidades do entorno e usuários do parque em uma audiência pública marcada para o dia 7 de maio.
De acordo com o ICMBio, entre as mudanças previstas, estão a revitalização das piscinas da Água Mineral, incluindo a reabertura da tradicional Piscina Nova (Areal), melhorias na acessibilidade, sinalização e trilhas, reforma dos centros de visitantes, criação de áreas de acampamento e instalação de serviços de alimentação. Também estão no pacote a ampliação da segurança, manutenção dos equipamentos, apoio às brigadas de incêndio e ações de educação ambiental.
Outro destaque do projeto é a inclusão do Lago de Santa Maria no circuito aberto aos visitantes, com a implantação de transporte interno que permitirá o deslocamento entre os atrativos. Esse transporte será opcional e coexistirá com o acesso por trilhas, bicicletas e a pé, seguindo o plano de manejo que restringe o uso de veículos particulares na área.
Apesar das promessas de melhorias, a proposta de concessão não agrada a todos. Frequentadores da Floresta Nacional de Brasília (Flona) e do PNB estão preocupados com a possibilidade de que a privatização dos serviços leve à cobrança ou aumento do preço de ingresso para acessar as áreas naturais, o que poderia limitar ainda mais o direito ao lazer e ao contato com o meio ambiente, especialmente para populações de baixa renda.
Um protesto foi convocado por grupos ambientalistas e comunitários neste sábado (12/4), às 8h, na entrada da Flona. A mobilização alerta que a concessão pode ameaçar a gratuidade de acesso a trilhas e demais atrativos naturais mantidos historicamente por voluntários.
“Mais do que áreas de conservação, são espaços que garantem o ar que respiramos, a água que abastece nossas casas e o equilíbrio do Cerrado, nosso bioma essencial. Mas esse acesso está ameaçado. A concessão privada e a cobrança para entrar limitam gravemente o direito da população a esses espaços públicos e comunitários. Precisamos defender esse direito!”, afirma o manifesto do grupo.
O PNB, com seus 42 mil hectares, é uma das principais áreas protegidas do Cerrado e ocupa a 8ª posição entre os parques nacionais mais visitados do país. Em 2024, o local recebeu 196.560 visitantes. Já a Flona, com 5,6 mil hectares, é bastante procurada para caminhadas e passeios de bicicleta, tendo registrado mais de 47 mil visitas no mesmo período.
*Estagiária sob a supervisão de Eduardo Pinho
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Saiba Mais