
A segunda edição gratuita do Interfashion Brasília retorna à capital, entre 21 e 24 de agosto, no Parque das Estações, prometendo quatro dias de desfiles, ativações e talks com grandes nomes, como Lino Villaventura, Jum Nakao, Isa Isaac Silva e Vanessa Rozan. O evento, que destaca talentos locais e impulsiona todo um ecossistema criativo, foi tema do Podcast do Correio, em uma conversa com Julyana Noronha, idealizadora e presidente do ATIVA Instituto, conduzida pelas jornalistas Sibele Negromonte e Giovanna Kunz.
Como surgiu a ideia do evento e qual o propósito dele?
Desde o fim do Capital Fashion Week, o setor de moda em Brasília ficou sem um grande evento que conectasse, desse visibilidade e profissionalizasse os talentos locais. Após a pandemia, essa necessidade ficou ainda mais evidente. O Interfashion nasceu justamente para preencher essa lacuna, com apoio do GDF e de iniciativas públicas que viabilizaram sua realização. Hoje, o evento é uma grande plataforma que conecta estudantes, professores, academias, estilistas, costureiras, empresários, empreendedores e quem trabalha com moda sustentável, todos juntos para gerar inovação, novos negócios e profissionalização.
Quais desfiles e oficinas o público vai encontrar nesta edição?
Este ano, teremos 30 desfiles, quase o dobro da primeira edição. A sala está ainda maior, com cerca de seis desfiles por dia, sempre priorizando a moda autoral local, mas também com convidados nacionais. Entre eles, a marca mineira Virgínia Barros, que vai lançar uma coleção inovadora com tecnologia aplicada a calçados, e a cearense Cholet, já consolidada no mercado. Além disso, o Senac traz oficinas abertas ao público, como automaquiagem, ecobags e stylist, oferecendo caminhos para capacitação profissional no setor.
A sustentabilidade é um eixo central do Interfashion?
Com certeza. Sustentabilidade não é só ambiental, mas também financeira e de negócios. Desde a primeira edição, temos parcerias com marcas como Cia do Lacre, Vesper e Jeans do Bem, que trabalham reciclagem e moda circular. Criamos também o ecossistema de brechós dentro do evento, reforçando a importância de reaproveitar materiais e repensar modelos de negócio. Essa consciência precisa estar no futuro da moda.
De que forma os desfiles refletem a identidade de Brasília?
Cada marca cria de acordo com seu conceito, mas muitas estão aproveitando o Interfashion para lançar manifestos e dar visibilidade à cultura e à inovação do DF. Queremos evitar que os talentos precisem sair da cidade para serem reconhecidos. A ideia é que possam ter visibilidade nacional e internacional, mas mantendo suas raízes e negócios aqui.
Como você avalia o atual cenário da moda no Distrito Federal?
Temos uma indústria pequena e tímida, já que não temos vocação geográfica para ser um polo como São Paulo ou Minas. Mas temos um capital criativo enorme. Nosso foco é justamente potencializar estilistas autorais, ressignificar negócios e trabalhar conceitos como o slow fashion, trazendo inovação e identidade própria para a moda local.
Qual o papel da economia criativa no DF, especialmente ligada ao artesanal?
Vejo um talento muito grande entre artesãs e empreendedoras, agora com mais apoio do governo, que criou, inclusive, uma subsecretaria de economia criativa. Essa conexão entre público e privado é essencial para escalar negócios. Mas ainda sentimos falta de mais conhecimento técnico, como vitrinismo, styling, história da moda e tendências. Por isso, nossa curadoria deste ano se dedicou três meses para definir o tema “Simbiose”, que conecta arte e moda e será explorado em palestras e talks.
O público brasiliense valoriza moda autoral e conceitual?
Esse é um desafio. Alguns estilistas já têm identidade forte, reconhecida de longe, mas muitos seguem apenas tendências do mercado. O problema é que, para sobreviver, precisam vender. Então, o desafio é encontrar equilíbrio entre criatividade e viabilidade comercial. O consumidor também precisa valorizar mais a moda local.
E sobre a mão de obra? É uma dificuldade para o setor?
Sim. Faltam costureiras, modelistas, profissionais de corte. Mas isso representa uma oportunidade de mercado. Com capacitação e investimento, conseguimos fortalecer essa base fundamental da moda, que hoje é um gargalo.
Qual público o evento espera receber?
É uma mistura que reflete a cara de Brasília. Temos um público apaixonado por moda, curiosos, visitantes, mas também empresários e empreendedores em busca de networking e capacitação. O lounge do Sindivarejista, por exemplo, vai conectar fortemente o varejo ao evento. Ou seja, o Interfashion é tanto para quem consome quanto para quem faz moda.
Serviço:
INTERFASHION Brasília
Quando: 21 a 24 de agosto 2025
Onde: Parque Estações - Parque da Cidade Sarah Kubitschek, estacionamento 10
Quanto: Entrada franca - mediante retirada de ingressos no site INTERFASHION Brasília
Horário: 21 a 23/8, das 15h às 22h30; e 24/8, das 10h às 18h.
*Estagiária sob a supervisão de Eduardo Pinho
Saiba Mais