Trânsito

Especialistas alertam para riscos causados pela alta circulação de reboques

Frota de carretinhas no DF cresceu 5,2% em dois anos. Especialistas alertam para os riscos de dirigibilidade e a importância da manutenção preventiva para garantir a segurança na condução desse tipo de equipamento

Gabriel Silva (à frente) diz respeitar os limites de velocidade e de carga para evitar acidentes -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
Gabriel Silva (à frente) diz respeitar os limites de velocidade e de carga para evitar acidentes - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

O uso de carretinhas para o transporte de cargas no dia a dia é comum no Distrito Federal. Mas apesar de facilitarem o deslocamento de materiais e equipamentos, esses reboques engatados em veículos de médio e grande porte também representam desafios na direção.

Segundo o Departamento de Trânsito (Detran-DF), a frota atual de reboques em circulação na capital é de 28.973 unidades, contra 27.534 em 2023, um aumento de 5,2% em dois anos. O especialista em segurança viária Samuel Morgan alerta para os riscos que as carretinhas trazem ao trânsito, entre eles a alteração da estabilidade do veículo.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

"Trata-se de uma unidade independente, que promove carga no veículo principal e altera a previsibilidade de tração e o equilíbrio planejado de fábrica", explica. Ele ressalta, inclusive, que alguns fabricantes não recomendam o uso de engates, sendo essencial verificar no manual do veículo a Capacidade Máxima de Tração (CMT) antes de instalar o equipamento.

De acordo com Morgan, as principais mudanças estão ligadas à dirigibilidade. "O conjunto veículo-reboque fica mais pesado, influenciando diretamente em manobras de direção, como frenagem, conversões e marcha a ré. A distância de frenagem, por exemplo, aumenta significativamente, tendo em vista que o conjunto possui uma massa maior. Na marcha a ré, o volante deve ser guiado na direção oposta ao movimento e a manobra deve ser feita devagar, observando sempre o deslocamento", esclarece.

A visibilidade é outro fator de atenção, conforme o especialista, pois a carretinha acoplada aumenta os pontos cegos do motorista e também pode prejudicar a visão dos condutores que seguem nos veículos de trás. "Esse problema se agrava se o reboque não tiver dispositivos de iluminação em bom estado, como lanternas de freio e setas", alerta.

Usuários

O empresário Jaber Souza de Carvalho, 42 anos, usa a mesma carretinha há duas décadas para o trabalho com entregas de embalagens e relata que a adaptação não foi imediata. "Levei uns seis meses para me acostumar. Mas hoje, depois de 20 anos, nem percebo mais. É algo natural", conta ele, reforçando a importância da manutenção preventiva para evitar problemas.

Gabriel Silva, produtor de eventos, 31, que trabalha com montagem de som e iluminação, também lida diariamente com o reboque e admite que dirigir com ele exige atenção redobrada. "No trânsito é complicado, ainda mais quando a gente leva muito peso e a carretinha começa a 'sambar'. Se andar muito rápido, corre o risco de perder o controle e acontecer um acidente", explica. Para ele, respeitar os limites de velocidade e de carga é o que garante a segurança no dia a dia.

Atuando há 15 anos no mercado musical, Danilo Cândido, conhecido como DJ Nilo, usa carretinha há cinco para transportar seus equipamentos e acredita que a manutenção preventiva é essencial. "A maioria dos problemas acontece porque não se faz a manutenção. Já vi muitos acidentes por falta de cuidado. Por isso, sempre troco pneus, confiro os amortecedores e a iluminação para garantir que está tudo certo", ressalta.

  • Gabriel Silva (à frente) diz respeitar os limites de velocidade e de carga para evitar acidentes
    Gabriel Silva (à frente) diz respeitar os limites de velocidade e de carga para evitar acidentes Ed Alves CB/DA Press
  • Jaber Souza conta que levou seis meses para se acostumar a dirigir usando a carretinha
    Jaber Souza conta que levou seis meses para se acostumar a dirigir usando a carretinha Fotos: Ed Alves CB/DA Press
  • A carretinha acoplada aumenta os pontos cegos do motorista e também pode prejudicar a visão dos condutores que seguem nos veículos de trás
    A carretinha acoplada aumenta os pontos cegos do motorista e também pode prejudicar a visão dos condutores que seguem nos veículos de trás Ed Alves CB/DA Press

Normas

O Código de Trânsito Brasileiro determina que todo veículo articulado seja registrado no Detran. A Resolução nº 937 do Contran estabelece que engates devem ser produzidos por empresas registradas no Inmetro e conter plaqueta visível com dados do fabricante e da CMT. 

Sobre habilitação, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que, para carretinhas leves (até 3.500 kg de PBT), basta a CNH categoria B, desde que o veículo seja compatível. Acima desse peso, é necessário ter categorias C ou E, que exigem requisitos mais específicos, como curso e exame toxicológico, principalmente em caso de atividade remunerada.

Considerados veículos de carga independentes, os reboques e semirreboques não têm tração própria. As principais diferenças entre eles são o número de eixos, o tipo de veículo trator que suportam e a forma de encaixe.

Com dois ou mais eixos, o reboque deve ser engatado e pode ser preso a um veículo automotor, caminhão simples ou caminhão trator. Já semirreboque tem um ou três eixos. Além disso, na hora da acoplagem, parte do peso fica sobre os eixos e a outra, no veículo trator.

*Estagiária sob supervisão de Eduardo Pinho

 

DC
postado em 15/09/2025 06:00
x