Morre a escritora Ivany Câmara Neiva, aos 77 anos

Ivany escreveu os livros 'Brasília em 51 cartas' e 'Uma cidade encantada: Memórias da Vila Amaury em Brasília'

Nascida em 11 de abril de 1948 em Belém, no Pará, Ivany cresceu no Rio de Janeiro e veio para Brasília em 1970 - (crédito: Bruno Peres/CB/D.A Press)

A escritora Ivany Câmara Neiva morreu na quarta-feira (15/10), aos 77 anos, em decorrência de um parkinsonismo. O velório será nesta quinta-feira (16/10), das 15h às 17h, no cemitério Campo da Esperança. Ivany deixa as filhas Ana e Bruna.

Nascida em 11 de abril de 1948 em Belém, no Pará, Ivany cresceu no Rio de Janeiro e veio para Brasília em 1970. Ela morou em Sobradinho, onde deu aulas de história. Ivany escreveu os livros Brasília em 51 cartas (2011) e Uma cidade encantada: Memórias da Vila Amaury em Brasília (2017).

Ana Arruda Neiva, empresária, produtora de cinema e filha de Ivany, destacou que a mãe contribuiu direta e indiretamente para a vida cultural de Brasília para várias gerações (foto: Arquivo pessoal)

Ela era doutora em história cultural, estudiosa da história de Brasília e temas referentes à memória, história oral, cultura popular, cultura nordestina, turismo, vida urbana e ensino. Além disso, ela era bacharel e licenciada em ciências sociais, com habilitação em sociologia e antropologia; e mestre em sociologia.

Ivany trabalhou como socióloga no Ministério do Planejamento, viajando o Nordeste na recém-criada Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), e em diversos projetos sociais. Ela foi professora do curso de comunicação social e arquitetura da Universidade Católica de Brasília de 1998 a 2013, orientando dezenas de alunos em seus projetos, e foi também professora no Centro de Excelência em Turismo na Universidade de Brasília entre 2009/2010 e 2016 a 2018.

Ao Correio, a empresária e produtora de cinema Ana Arruda Neiva, filha de Ivany, destacou que a mãe contribuiu direta e indiretamente para a vida cultural de Brasília para várias gerações. "Ela sempre foi muito generosa, atenciosa com todas as pessoas na sua autenticidade. Como professora e historiadora, ela teve dois livros que registraram as pessoas às vezes invisíveis nessa construção da capital e dentro de sala de aula, muito muitos jornalistas e muitas pessoas falam que ela foi fundamental para poder apoiar o caminho de cada um. Então a generosidade, a espirituosidade, a criatividade são marcas dela", citou.

A produtora cultural Bruna Neiva, também filha de Ivany, ressaltou que a mãe tinha um interesse tão genuíno pelas pessoas, que parecia ser capaz de atravessar qualquer barreira. "E atravessou, mesmo. Acolheu, incentivou, acreditou, acompanhou com paixão e generosidade cada aluna, cada aluno. Viraram amigos, família, estão sempre conosco", frisou.

"Mas antes de ser professora, minha mãe teve mil vidas, todas cheias de entusiasmo, presença total. Minha mãe se tornou professora universitária depois de se aposentar como a mais feliz servidora pública que já conheci, socióloga do Ministério do Planejamento. Ela tinha quase 50 anos quando reinventou a vida, fez amizades e vínculos profundos e se tornou a professora Ivany que tocou a vida de tantas pessoas. Acho que o que fica é esse gosto pela vida, essa alegria que ela teve a vida toda, e se acendia quando tocava o mundo de alguém. Quem passou pela minha mãe, se sentiu visto", acrescentou Bruna.

Por Aline Gouveia

postado em 16/10/2025 08:30 / atualizado em 16/10/2025 09:09