
Uma nova revisão de pesquisas conduzida pelo Instituto HEDCO, da Universidade do Oregon (EUA), aponta que a adoção da semana escolar de quatro dias pode trazer mais prejuízos do que benefícios para os estudantes. A análise examinou 11 estudos de alta qualidade realizados em escolas norte-americanas e concluiu que, de modo geral, a redução dos dias letivos não melhora o desempenho acadêmico, a frequência, o comportamento nem as taxas de graduação dos alunos. Em muitos casos, os efeitos são negativos.
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Nos Estados Unidos, a semana escolar de quatro dias tem ganhado espaço como alternativa para enfrentar desafios orçamentários e de falta de pessoal. Mais de 2,1 mil escolas, em cerca de 850 distritos, já adotaram o modelo, principalmente em áreas rurais. No entanto, os pesquisadores alertam que a medida pode comprometer o desenvolvimento educacional dos estudantes. “Não há evidências consistentes de que a mudança para um cronograma de quatro dias melhore os resultados da aprendizagem — e, em alguns casos, pode ter o efeito oposto”, afirma Elizabeth Day, professora assistente de pesquisa e integrante da equipe responsável pelo estudo.
Segundo o relatório, nos distritos rurais os resultados foram variados. Houve queda no desempenho em matemática e leitura para alunos do ensino fundamental e médio, mas também aumento nas notas de matemática, nas taxas de pontualidade e de formatura em cinco anos no ensino médio. Por outro lado, aumentaram as faltas crônicas e diminuiu a progressão regular dos estudantes.
Em distritos não rurais — como os urbanos e suburbanos — os efeitos foram ainda mais preocupantes: houve queda nas notas em matemática, nas taxas de pontualidade e de conclusão do ensino médio, além do aumento do número de faltas. Quando os dados de todos os tipos de distritos foram analisados em conjunto, a maioria dos resultados foi negativa: redução do desempenho em matemática e leitura, aumento de faltas, além de queda nas taxas de graduação em cinco anos.
A revisão do Instituto HEDCO também destacou duas questões cruciais que permanecem sem resposta clara. A primeira é o quanto de tempo de instrução está sendo efetivamente mantido ou perdido com a adoção da semana de quatro dias. A segunda diz respeito ao que os alunos fazem no quinto dia, quando estão fora da escola. Sem atividades promovidas por escolas, famílias ou comunidades, muitos estudantes podem ficar sem acesso a ambientes seguros e adequados ao seu desenvolvimento, o que representa um risco ao bem-estar e ao aprendizado.
A revisão integra a missão do Instituto HEDCO de fornecer evidências confiáveis para orientar políticas públicas e decisões educacionais baseadas em dados.
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