EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Nave a 9 bilhões de quilômetros da Terra testa localização interestelar

Sonda New Horizons, da Nasa, usa estrelas próximas para se localizar no espaço profundo

A paralaxe de Proxima Centauri (esquerda) e Wolf 359 (direita) vista da Terra e pela New Horizons  -  (crédito: NASA/Johns Hopkins APL/SwRI)
A paralaxe de Proxima Centauri (esquerda) e Wolf 359 (direita) vista da Terra e pela New Horizons - (crédito: NASA/Johns Hopkins APL/SwRI)

A sonda New Horizons, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), tornou-se a primeira espaçonave a testar com sucesso uma técnica de navegação interestelar baseada na posição de estrelas próximas. A mais de 9 bilhões de quilômetros da Terra, a sonda conseguiu determinar a localização com precisão ao registrar a mudança aparente da posição desses astros — um feito inédito que pode guiar futuras viagens rumo a outros sistemas estelares, onde o sinal da Terra pode demorar dias ou até semanas para chegar. 

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A nave fotografou duas estrelas muito conhecidas — Proxima Centauri e Wolf 359 — e, comparando as imagens com dados do observatório Gaia, da Agência Espacial Europeia, conseguiu descobrir a localização com um erro de apenas 40 milhões de quilômetros. Parece muito, mas para uma nave tão distante, esse resultado é considerado excelente.

Esse método usa um efeito chamado paralaxe, que ocorre quando um objeto parece mudar de lugar dependendo do ponto de onde é visto. É como quando você fecha um olho, depois o outro e vê que o dedo parece se mover — mesmo estando parado. Os astrônomos já usam essa técnica para calcular a distância até as estrelas. Agora, ela foi usada pela primeira vez para ajudar uma nave a se localizar sozinha no espaço. 

“Com essas imagens, conseguimos saber onde a nave está apenas olhando as posições das estrelas. Isso é algo que pode ser muito útil em viagens interestelares, quando as espaçonaves estiverem muito longe da Terra”, explicou o cientista Tod Lauer, responsável pela pesquisa.

A News Horizons foi lançada em 2006 e ficou famosa por ter passado por Plutão em 2015 e por Arrokoth, um objeto gelado do Cinturão de Kuiper, em 2019. Desde então, ela continua viajando para longe do Sistema Solar, sendo uma das poucas naves a seguir esse caminho. 

Segundo Alan Stern, líder da missão, a técnica testada não é mais precisa que os métodos atuais usados pela Nasa para rastrear a sonda, mas pode ser muito útil no futuro. "Missões que forem muito além do Sistema Solar vão precisar de formas de navegação autônomas. Essa é uma boa opção", disse ele. 

O estudo com os resultados foi aceito pela revista científica The Astronomical Journal e já pode ser lido no site arXiv

 

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postado em 01/07/2025 14:42 / atualizado em 01/07/2025 14:43
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