
Lorde voltou aos holofotes com Virgin, seu novo álbum de estúdio, mas revelou que o processo de criação da obra foi antecedido por um período sombrio. Em entrevista à BBC Radio 1, a artista neozelandesa falou abertamente sobre como os distúrbios alimentares afetaram profundamente sua saúde mental e bloquearam sua capacidade criativa. A cantora chegou a acreditar que talvez nunca mais conseguisse compor.
Segundo Lorde, o início de 2023 foi um dos momentos mais difíceis de sua trajetória. “Nunca me senti tão desconectada da minha criatividade. Eu não tinha ideias, parecia que não tinha mais nada a oferecer”, confessou. O que mais a angustiava era o fato de estar totalmente consumida por pensamentos sobre emagrecimento, o que dominava sua rotina e tirava sua energia vital.
“Eu ia dormir pensando em comida e acordava pensando em exercícios. Era como se meu único objetivo fosse pesar o mínimo possível”, contou. Para ela, esse foco obsessivo sobre a aparência se tornou o maior bloqueio para sua arte. “Toda minha energia criativa estava sendo sugada por isso.”
Lorde: Superação trouxe nova fase criativa e pessoal
A reviravolta aconteceu quando Lorde decidiu interromper esse ciclo destrutivo. A busca por bem-estar físico e emocional tornou-se prioridade, o que abriu caminho para um reencontro com sua voz artística. “Quando eu finalmente consegui deixar isso para trás, minha criatividade começou a voltar”, relatou a cantora. A experiência dolorosa virou inspiração direta para músicas como “Broken Glass”, faixa que aborda a relação conturbada com a imagem corporal.
Com Virgin, Lorde propõe um novo olhar sobre si mesma e sobre o pop contemporâneo. O disco, que estreou em segundo lugar na Billboard 200, é marcado por letras que abordam questões como compulsão, gênero e aceitação. A cantora explicou que, ao se libertar das pressões externas, conseguiu novamente colocar a arte em primeiro plano. “Tudo o que eu queria era fazer música pop com significado para as pessoas”, afirmou.
Apesar de ter sido superado por I’m the Problem, álbum country de Morgan Wallen, Virgin foi o disco mais vendido da semana nos Estados Unidos em termos de cópias físicas e digitais — um feito que reafirma a força do trabalho de Lorde mesmo diante da hegemonia do streaming.
Enquanto o álbum de Wallen manteve-se no topo com forte desempenho em plataformas digitais (mais de 215 milhões de streams), Virgin liderou as vendas puras com 42 mil cópias comercializadas, demonstrando a base fiel de fãs da cantora.
A jornada de Lorde com Virgin é mais do que um retorno artístico. É uma prova de resiliência diante de desafios pessoais intensos e um lembrete poderoso de que a saúde mental está diretamente ligada à capacidade de criar. O álbum marca não só uma nova fase em sua carreira, mas também um renascimento pessoal.