
Durante sua participação no podcast Reclaiming, apresentado por Monica Lewinsky, a cantora Kesha abriu o coração ao falar sobre o intenso sofrimento psicológico que enfrentou ao longo da disputa judicial com o produtor Dr. Luke. O episódio foi ao ar nesta semana e revela detalhes profundos de como o litígio afetou sua vida pessoal e profissional por mais de uma década.
A artista, hoje com 37 anos, relembrou o período em que se viu vivendo em um paradoxo: de um lado, batalhava na Justiça para se libertar de um contrato que envolvia acusações de abuso; de outro, seguia se apresentando com músicas cujos direitos pertenciam ao próprio agressor.
Kesha descreve a situação como “a maior confusão mental de todos os tempos”, explicando que sua voz literalmente não lhe pertencia legalmente, mesmo enquanto cantava para multidões.
Segundo Kesha, todo o controle de sua carreira até aquele momento, incluindo divulgação, orçamento e lançamentos, estava nas mãos da Kemosabe Records, gravadora fundada por Dr. Luke. “As gravações da minha voz não eram minhas. E a única maneira de sair do contrato era continuar entregando músicas. Tudo isso era estranho, pesado, doloroso”, comentou no programa.
Apesar do sofrimento, a artista seguiu cumprindo compromissos e subindo aos palcos com um sorriso no rosto. “As pessoas queriam que eu cantasse ‘TikTok’, queriam ver show, então eu ia lá e fazia. Mas eu estava morrendo por dentro. Literalmente. E parecia que ninguém se importava, mesmo sabendo que meus fãs estavam ali torcendo por mim”, desabafou.
Kesha também criticou o sistema jurídico, que segundo ela falhou em proteger vítimas e permitiu que a situação se estendesse por tantos anos. “É difícil entender como tudo isso foi permitido. Mas foi. E isso me partiu em pedaços”, afirmou. Apesar disso, a cantora reconhece que esse sofrimento também moldou sua força atual. “Meu coração vai se reconstruindo aos poucos, mesmo com tantas cicatrizes”, completou.
Kesha: Período marca estreia independente e reconquista de sua identidade artística
Agora livre de contratos abusivos, Kesha lançou recentemente seu primeiro álbum como artista independente. Intitulado Period. (estilizado como um ponto final), o projeto marca uma nova fase na carreira e simboliza a retomada de controle sobre sua própria voz — pela primeira vez desde os 18 anos.
A revista Rolling Stone destacou o trabalho como um “pop vibrante e experimental”, alinhado ao movimento hyperpop. Com composições ousadas e uma estética libertadora, o disco representa não apenas uma vitória artística, mas também pessoal.
Kesha segue em reconstrução, mas finalmente encontra espaço para cantar, criar e viver de forma autêntica em sua própria voz, com sua própria liberdade.