
O Grupo brasiliense Benzadeus dá sequência a um novo capítulo em sua trajetória com o lançamento da primeira parte do projeto Pagode No Parque, Vol. 1, gravado ao vivo durante uma roda de samba, no Parque da Cidade. O projeto reúne faixas inéditas e releituras de clássicos, registrando a energia contagiante das apresentações ao ar livre e, desde o lançamento, ultrapassou a marca de 1 milhão de execuções no Spotify, consolidando o grupo como uma das grandes revelações do pagode nacional e evidenciando a força da conexão com o público. Com o Correio, os integrantes compartilharam detalhes sobre a gravação do projeto, a recepção do público e o atual momento da carreira.
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Significado histórico
A escolha do local para o registro não foi por acaso. Brasília sempre foi um celeiro fértil do samba e do pagode, e os integrantes fizeram questão de revisitar essas raízes. Vini, um dos vocalistas, relembrou a importância desse reencontro: “Há mais ou menos 20 anos, Brasília já trazia em sua essência musical o samba e as rodas de pagode espalhadas pela cidade. Um desses destaques era o antigo Pirraça, que com certeza era um dos pontos de encontro mais emblemáticos da capital federal. Poder reativar esse espaço cultural e ainda registrar o momento atual que o samba vive através da arte do Benzadeus foi algo realmente incrível pra gente". Ele lembra que muitos músicos aprendiam com os mais velhos no Estação 09. "Poder registrar esse acontecimento com um DVD todo produzido e idealizado pela Benzadeus Produções, seus parceiros e colaboradores, foi um feito muito especial que percorre atmosferas que vão além do que o grupo vive hoje, mas também mostra um recorte da história musical de Brasília”, explica.
Homenagens e influências musicais
No repertório do EP, o grupo decidiu homenagear três grandes referências musicais: Fundo de Quintal, Exaltasamba e Fat Family. O critério, segundo Vini, foi natural, fruto da formação de cada integrante e do DNA do pagode. “Todo pagodeiro que se preze precisa ter bases bem fundamentadas em grandes referências musicais do gênero. Com toda certeza o Fundo de Quintal e o Exaltasamba são referências que alimentam a base musical do Benzadeus", diz. Segundo ele, o Fundo de Quintal traz a batucada e a versatilidade de vozes como identidade musical, enquanto o Exaltasamba, além de ter sido marcante nos anos 1990, também foi um importante expoente para um novo estilo de composições que estava surgindo, trazendo uma nova forma de interpretação para os cantores dessa década. Já o rap, o funk, o samba e a black music fazem parte da cultura do povo brasileiro. "Daí entra a nossa homenagem ao Fat Family, que além de ter sido um projeto de grande sucesso ao longo dos anos, também é uma grande referência do nosso cantor principal, Magrão”, conta.
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Faixas
O Volume 1 traz seis faixas, sendo três inéditas e dois pot-pourris com regravações, além da recém-lançada “Fiz Quase Tudo”, escolhida como faixa-foco do projeto. Magrão explica que a canção já estava guardada há algum tempo e foi escolhida como abre-alas por ter uma letra forte e representar bem a identidade do grupo. “É uma música que também conversa com os corações que sofrem no pagode, por isso acreditamos que seria a melhor escolha para abrir essa nova fase”, resume. Com essa abertura, o EP combina músicas inéditas e reinterpretações de clássicos, reafirmando a versatilidade do Benzadeus. Entre os destaques, está o pot-pourri Um Amor Gigante/Faz Falta, que traz a voz marcante de Magrão, e as releituras de Fundo de Quintal, Exaltasamba e Fat Family, que mantêm viva a tradição do pagode e a ligação com as raízes do gênero. Para Diego Pedigree, essas escolhas foram naturais, quase automáticas: “São grupos que marcaram nossas vidas e fazem parte da identidade musical do Benzadeus. Incluir essas influências é também uma forma de agradecer e reconhecer quem abriu caminhos para o que somos hoje”.
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Maturidade e evolução no palco
O novo projeto também simboliza um momento de maior segurança e amadurecimento para o grupo. Vini compara a trajetória à Jornada do Herói, lembrando das dificuldades iniciais e do aprendizado ao longo do caminho. Segundo ele, o Pagode no Parque chega com um Benzadeus mais maduro, com artistas conscientes da mensagem que querem transmitir dentro e fora do palco. “Nossa essência é energia, acolhimento e cura. Essa entrega sempre vai estar presente em tudo que fazemos”, afirma.
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Parcerias e colaborações
As colaborações também têm desempenhado papel importante no crescimento do grupo, ampliando o público e consolidando uma identidade artística própria. A experiência de colaborações anteriores, como o single Nem Querendo com o cantor Jota.pê, trouxe novas sonoridades e ajudou o Benzadeus a expandir seu público, fortalecendo sua identidade artística. Esse aprendizado e essa vivência se refletem no Pagode no Parque, projeto que combina repertório próprio e reinterpretações de clássicos, consolidando a maturidade do grupo e a conexão com o público. Para Pedro das Sortes, cada trabalho é uma chance de registrar a energia do momento e compartilhar com outros públicos. “Cada parceria e cada gravação são tijolinhos na construção do Benzadeus, sempre levando nossa identidade e o que estamos vivendo naquele período”, explica.
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Tradição do pagode e o papel de Brasília
Mais do que um gênero musical, o pagode sempre foi espaço de encontros e celebrações coletivas. Para Diego Pedigree, manter essa tradição em Brasília é fundamental: “O pagode é ponto de encontro de histórias, amizades e alegria. Preservar isso na capital é fortalecer a cultura local e inspirar novas gerações”. Com a gravação ao vivo de Pagode no Parque, o grupo conseguiu registrar essa energia única das rodas de samba, conectando artistas e público em um momento de celebração coletiva. Segundo ele, o objetivo é levar essa mesma energia para além da cidade, compartilhando com outros públicos a essência que nasceu no coração do Benzadeus.
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Repercussão
Pouco após o lançamento, o EP ultrapassou 1 milhão de execuções no Spotify, consolidando o Benzadeus como uma das grandes revelações do pagode contemporâneo. O número, porém, vai além de um dado estatístico: representa a conexão do grupo com seu público e o reconhecimento do trabalho feito de forma independente e autêntica. A repercussão também chegou a artistas consagrados. Durante participação no podcast Podpah, o cantor Péricles elogiou a interpretação de Faz Falta na voz de Magrão, destacando que a versão é “de tirar o fôlego”. Para o Benzadeus, o marco é mais uma prova de que Brasília continua sendo um polo criativo e que o grupo tem força para expandir sua música para todo o país.
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De Brasília para o Brasil
Com o sucesso de Pagode no Parque e o reconhecimento nacional, o Benzadeus reafirma sua identidade: um grupo que nasceu em Brasília, mas que se projeta para o mundo. Cada música, cada parceria e cada roda de samba é um pedaço da história da capital que se espalha Brasil afora. O projeto simboliza não apenas a maturidade de uma banda em ascensão, mas também o fortalecimento de uma cena cultural rica, que encontra em Brasília não apenas o berço político do país, mas também um dos polos musicais mais criativos da atualidade. “O pagode é mais que música, é encontro e alegria — e queremos levar essa energia de Brasília para o mundo”, finaliza Diego Pedigree.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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