Música

Ajuliacosta mergulha em nova fase com álbum recheado de potência e reflexão

O disco Novo Testamento inaugura um momento especial na vida da rapper paulista. Em entrevista ao Correio, Júlia falou sobre carreira, empoderamento feminino e musicalidade

Júlia Costa é um dos grandes nome da nova geração do rap nacional -  (crédito: Divulgação)
Júlia Costa é um dos grandes nome da nova geração do rap nacional - (crédito: Divulgação)

Em um cenário musical ainda dominado por vozes masculinas, a rapper e empresária Júlia Costa, mais conhecida como Ajuliacosta, tem se firmado como um dos nomes mais relevantes e inovadores da nova geração do rap nacional. Para confirmar ainda mais essa relevância, a artista traz ao mundo o álbum Novo Testamento, celebrando, para além de uma nova fase, a certeza de que seu nome já está sendo gravado na história da música brasileira.

Nascida em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, ela transformou suas vivências na periferia em rimas autênticas. Dessa forma, no mais recente projeto, a ser lançado às 23h59 desta segunda-feira (15/9), a rapper fez questão de questionar os próprios ideais e o que desejar ser artisticamente falando. “Mesmo com essas reflexões, ainda acho que o disco não responde essas perguntas”, afirma Júlia.

Entre as 11 faixas presentes no álbum, a artista fala sobre si em um lugar de desejo pelo que ainda não é, mas que está perto de se tornar. Esse dilema também percorre o passado, quando Júlia reforça nas letras o esforço necessário para ter alcançado esse espaço de destaque no rap nacional. “O Novo Testamento é um marco para mim. Foi um processo no qual eu me conectei muito comigo mesma. A criação do álbum tem tudo a ver com a minha vida”, acrescenta.

O nome, para ela, tem um forte significado. Esse indicativo de que uma nova fase se aproxima leva Júlia para um momento diferente da carreira. Desde sempre, as indagações sobre o que fazer e onde chegar corroem o pensamento da artista. Mas isso, de fato, não pode ser considerado um ponto negativo, já que é a partir dessas reflexões que a rapper consegue melhor usufruir da arte que a trouxe até aqui — e que não para de levá-la longe.

Uma voz potente

Conquistar talvez seja o verbo que melhor a define. Parece clichê, mas sair da periferia e ganhar o mundo falando da periferia não é fácil, ainda mais sendo mulher. Nesse ecossistema recheado de vozes masculinas, Júlia cria refrões recheados de potência e empoderamento feminino. Mas, mais do que empoderar, inspira e se torna referência para que seu público alcance os próprios sonhos, apesar dos obstáculos que aparecem no caminho.

Ela, inclusive, tem realizado os seus. No primeiro dia de The Town, Júlia se apresentou na companhia de outras duas rappers, Ebony e a consagrada Karol Conká, da qual é muito fã. “Foi uma experiência muito legal. E a Karol, bom, ela é isso, né? Uma rapper que a minha geração escutou para se tornar quem é. Ela é uma grande referência e pega em um lugar dentro de mim que me faz recordar daquela Júlia criança e adolescente. De fato, muito emocionante”, destaca.

Sem dúvidas, Ajuliacosta faz parte de uma safra especial de grandes talentos a nível nacional. No rap feminino, então, nem precisa de menção. O que ela tem feito pela nova geração de mulheres na música periférica, com apenas 27 anos, é realmente engrandecedor. Apesar de tudo, há, ainda, muito o que ser feito para que esse cenário também seja delas. Mesmo assim, é inevitável não notar que, mesmo com atraso, tudo tem evoluído. 

“Temos mais espaço e fazemos mais shows. Mas, ao meu ver, o que precisa melhorar é uma coisa que sempre digo: o rap feminino não evolui só quando há mulheres no palco, mas, também, quando elas estão produzindo, contratando e sendo donas de festivais. É isso que faz a diferença”, finaliza. Agora, Júlia, com o novo lançamento, começa esculpir seu nome na história da cultura urbana. Não importa se não conhece alguma música, com certeza saberão quem foi Ajuliacosta no futuro. 

postado em 15/09/2025 16:50 / atualizado em 15/09/2025 17:04
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