
Assim como o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o filme São Paulo, Sociedade Anônima completa 60 anos em 2025. Na mostra que celebra as seis décadas de um dos eventos mais importantes do audiovisual brasileiro, o longa de Luiz Sergio Person foi homenageado com uma sessão da versão restaurada em 4K da produção de 1965 na noite deste domingo (14/9), no Cine Brasília. A exibição foi seguida de um debate que contou com a participação da filha do cineasta, Marina Person.
“Essa coincidência dos 60 anos do festival e do São Paulo, Sociedade Anônima foi muito incrível. Principalmente porque o restauro do filme só ficou pronto este ano, em junho”, contou Marina na ocasião. “Primeiro, nós apresentamos o longa no Festival Il Cinema Ritrovato, em Bolonha, na Itália, voltado à preservação e redescoberta de obras cinematográficas históricas, e depois fizemos uma sessão em São Paulo, com muita gente jovem, assim como hoje no Cine Brasília”, relatou a também cineasta.
“É incrível ver que um filme feito há 60 anos pode ecoar tão fortemente em plateias de pessoas que nem sonhavam em nascer no tempo em que o filme se passa. É assim que vemos o quanto é importante preservar a nossa história”, destacou Marina. “Como disse Paulo Emílio, nosso futuro depende do passado que conservamos no presente”, citou.
Um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, segundo lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), São Paulo, Sociedade Anônima se passa durante o momento da euforia desenvolvimentista provocada pela instalação de indústrias automobilísticas estrangeiras no Brasil, entre o final dos anos 1950 e início dos anos 1960.
A trama gira em torno de Carlos, um jovem da classe média paulistana que ingressa em uma grande empresa. Rapidamente, ele torna-se gerente em uma fábrica de autopeças, trabalhando para um patrão que sonega impostos e coleciona amantes. Insatisfeito, o chefe de família que trabalha muito e ganha bem se vê sem um projeto de vida ou perspectivas de melhora da condição — assim, só lhe resta fugir.
“Em São Paulo, Sociedade Anônima, nós vemos imagens da capital paulista nos anos 1960, mas, sobretudo, vemos uma história que fala muito sobre como a cidade é hoje. É uma história de desumanização por meio da industrialização. O filme acaba explicando muito como a gente chegou aqui — e não só a cidade de São Paulo, mas o Brasil como um todo. Fala muito de como a cabeça das pessoas que hoje tem poder funciona”, avaliou a filha de Luiz Sergio.