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J&F recompra Eldorado e encerra o litigio

Comunicado divulgado ontem informa o fim da disputa iniciada em 2017 entre a holding dos irmãos Batista e a empresa indonésia

J&F pagou R$ 15 bi à vista à Paper Excellence para assumir o controle da Eldorado Brasil Celulose.
J&F pagou R$ 15 bi à vista à Paper Excellence para assumir o controle da Eldorado Brasil Celulose. "Hoje é dia de agradecer", celebrou Aguinaldo Filho - (crédito: Eldorado Eldorado Brasil Celulose/Divulgação)

Principal acionista da JBS, a holding J&F comunicou ontem a recompra do grupo Eldorado Brasil Celulose. De acordo com a empresa — que investe em operações do agronegócio brasileiro —, a aquisição da Eldorado Brasil Celulose torna a holding da família Batista a única acionista da empresa de celulose. A operação envolveu o pagamento à vista de US$ 2,64 bilhões (equivalente a R$ 15 bilhões) pela J&F à Paper Excellence, do empresário indonésio Jackson Wijaya.

O presidente da J&F, Aguinaldo Filho, celebrou o acordo com a Paper Excellence. “Hoje é dia de agradecer a todos os colaboradores, clientes e parceiros de negócio que confiaram no futuro da Eldorado”, afirmou Aguinaldo, que também é presidente do Conselho de Administração da Eldorado Brasil Celulose.

Além de colocar a empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista como dona da Eldorado Brasil Celulose, a transação ocorrida ontem encerrou todas as ações judiciais e arbitrais em curso, tanto no Brasil quanto no exterior, relacionadas à disputa.

O litígio teve início em 2017, com a assinatura de um contrato que previa a venda integral da Eldorado à Paper Excellence em duas etapas. À época, a empresa de celulose tinha a J&F como sócio majoritário. Naquele ano, a Paper Excellence adquiriu os primeiros 49,41% das ações, com a previsão de transferência do controle restante. Em 2018, no entanto, a J&F levou a negociação de Eldorado Brasil Celulose à Justiça, alegando que a compradora ainda tinha obrigações contratuais pendentes. A empresa, na época, julgou que as condições haviam sido atendidas e demandou o cumprimento integral do contrato.

O caso escalou para tribunais arbitrais no Brasil e no exterior. Paralelamente aos processos arbitrais, a J&F ingressou com pedidos judiciais questionando aspectos tanto da arbitragem quanto do cumprimento contratual.

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Em novembro do ano passado, a Paper Excellence e a J&F assinaram um acordo perante o Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa estrangeira aceitou a proposta dos irmãos Batista, que previa a compra de todas as ações da Eldorado, passando a ser a única acionista da fabricante de celulose. O valor pago, na avaliação da J&F, garantirá um retorno “significativo” para a Paper Excellence, que havia pago US$ 1,2 bilhão (R$ 3,8 bilhões) por sua fatia.

Com sede em São Paulo e fábrica em Três Lagoas (MS), a Eldorado produz 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano para fabricação de papéis para embalagens. Ao fechar o contrato de venda de 100% do controle da Eldorado Brasil Celulose, a J&F e a Paper Excellence assinaram uma nota conjunta. “Esta transação atende plenamente aos interesses de ambas as partes e põe fim, de forma plena e definitiva, a todos os processos judiciais e arbitrais em curso”, escreveram as empresas no comunicado publicado ontem.

“A J&F demonstra, com este investimento, a sua confiança no Brasil e na Eldorado. Já a Paper Excellence seguirá explorando oportunidades no setor de celulose e papel”, completaram as empresas.

Um dos maiores grupos empresariais do Brasil, a J&F tem operações em mais de 20 países, com mais de 300 mil empregados, sendo 190 mil atuando no Brasil. Já a Paper Excellence confecciona 12,8 milhões de toneladas de papel e celulose todos os anos.

postado em 16/05/2025 04:07
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