
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, ontem, de uma série de eventos na Bahia que reforçam a estratégia do governo federal de retomar a industrialização do país com base em tecnologia e sustentabilidade.
Pela manhã, o chefe do Executivo inaugurou o novo complexo industrial da montadora chinesa BYD, em Camaçari, e, à tarde, esteve em Maragogipe para anunciar investimentos na indústria naval e na retomada da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-BA). Com investimento de R$ 5,5 bilhões, o complexo da BYD Brasil inicia, oficialmente, a produção nacional de veículos elétricos e híbridos da montadora. A unidade é a maior da empresa da marca fora da Ásia e transforma o Brasil em um polo estratégico da marca para toda a América Latina.
Os empreendimentos integram os investimentos previstos no programa Nova Indústria Brasil. Essa agenda positiva ocorre um dia após a derrota do governo no Congresso na votação da Medida Provisória de alternativas ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a MP 1303/2025, que perdeu validade por não ser aprovada pelo Legislativo.
Durante a cerimônia de inauguração da montadora chinesa, Lula destacou a importância do empreendimento para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país e ressaltou a confiança da montadora no Brasil.
"Esse homem conseguiu se transformar num gênio do carro elétrico, num gênio da tecnologia mais avançada do mundo e constrói essa fábrica extraordinária e deposita confiança no Brasil", afirmou o presidente, referindo-se a Wang Chuanfu, fundador e presidente global da BYD.
Lula também lembrou a trajetória pessoal de Chuanfu, que perdeu os pais na adolescência e superou as dificuldades até se tornar um dos líderes mundiais da indústria de veículos elétricos. "Então, meus agradecimentos, eu quero que você saiba que o povo brasileiro e o povo baiano agradecem a sua disposição", acrescentou.
Entre as autoridades presentes no evento destacaram-se o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin; o ministro da Casa Civil, Rui Costa; e o governador Jerônimo Rodrigues.
Inovação
Com capacidade inicial da unidade é de produção de 150 mil veículos por ano — número que pode dobrar em uma segunda fase. A fábrica contratou 350 trabalhadores desde o início de outubro, e deve chegar a 2 mil nos próximos dias. Em operação plena, o complexo fabril tem potencial para gerar 20 mil empregos diretos e indiretos, estimulando a economia local, conforme informações das autoridades.
"É um impulso extraordinário para a economia, o comércio, o emprego e a renda, além de fortalecer o desenvolvimento tecnológico, que, hoje, é o motor da geração de oportunidades no mundo", afirmou o ministro Rui Costa.
A planta de Camaçari, que, antes, abrigou uma das fábricas da Ford no país, ocupa 4,6 milhões de metros quadrados, abriga uma das linhas de produção automotivas mais modernas da América Latina.
Atualmente, a unidade opera em regime de montagem com peças e componentes importados em kits semi-desmontados (SKD, na sigla em inglês), mas, a partir de 2026, passará a produzir nacionalmente, incorporando etapas como estamparia, soldagem e pintura
Durante a inauguração, a BYD apresentou o primeiro híbrido plug-in flex do mundo, desenvolvido especialmente para o mercado brasileiro. O modelo combina eletrificação com o uso de etanol, combustível renovável amplamente produzido no país.
Além de tecnologia, o complexo é exemplo de sustentabilidade. A unidade recebeu a certificação internacional I-REC, que garante que 100% da energia consumida vem de fontes limpas e renováveis — alinhada à meta brasileira de neutralidade de carbono.
Retomada
Ainda na Bahia, Lula participou do anúncio de R$ 2,6 bilhões em investimentos na indústria naval e na reativação da Fafen-BA, em Maragogipe. O evento marcou a retomada das atividades do Estaleiro Enseada e a assinatura de contratos para a construção de embarcações pela Petrobras e pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o objetivo é recuperar a capacidade produtiva e tecnológica do setor. "Há cerca de 10 anos o setor naval na Bahia foi deixado de lado, causando perda de empregos e queda de arrecadação para o estado. Estamos retomando investimentos que não deveriam ter sido abandonados", declarou.
A estatal anunciou a contratação de seis novas embarcações do tipo OSRV, que operam no apoio às operações de contenção de derramamento de óleo em alto-mar, com propulsão híbrida e potencial de redução de até 25% nas emissões de CO2.
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Além disso, o governo federal confirmou a reativação da Fafen-BA, que voltará a produzir amônia, ureia perolada e Arla-32 (Agente Redutor Liquido Automotivo) — insumos essenciais para o agronegócio e a indústria química. O investimento de R$ 38 milhões deve gerar 750 empregos diretos e garantir maior autonomia na produção de fertilizantes.
O Ministério de Portos e Aeroportos também anunciou R$ 611,7 milhões para a construção de 80 balsas, com recursos do Fundo da Marinha Mercante. O projeto deverá criar mais de 2 mil empregos e fortalecer o transporte aquaviário no país.
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