
A final da Copa do Brasil entre Corinthians e Vasco, com jogos nesta quarta (17/12) e domingo (21/12), envolve dois clubes de massa das duas maiores metrópoles do país. Porém, não se restringe a elas. Há um elo com o Distrito Federal. Criado na Expansão do Setor "O", em Ceilândia, o zagueiro Robert Renan foi projetado no cenário profissional pelo clube paulista e o reencontrará pela segunda vez, agora na condição de titular da companhia cruzmaltina. Campeão da Copa da Rússia e bi da liga, ele agora busca o primeiro troféu em campos brasileiros.
O defensor de 22 anos, filho de Renata Barbosa e do rapper conhecido como Preto Beto, iniciou no futebol aos 13, nas categorias de base no Novorizontino, em 2018. Em outubro de 2019, assinou o primeiro contrato profissional da carreira ao fechar com o Corinthians. Foi lapidado com participações em torneios sub-17 e sub-20 até estrear com o elenco profissional em abril de 2022. O técnico era o português Vitor Pereira. Naquela temporada, disputou 13 partidas como "gente grande". Participou da campanha finalista do alvinegro na Copa do Brasil. O vice para o Flamengo foi justamente no palco do duelo decisivo de domingo, o Maracanã.
O garoto que ganhou a primeira chuteira aos seis anos não demorou a chamar a atenção da Europa. Responsável por tirar muitos talentos do Brasil, o Zenit São Petersburgo foi o primeiro destino longe do país e rendeu uma convocação para a Seleção Brasileira principal, após vivências nas categorias sub-18, sub-20 e sub-23. Compôs o grupo dos três primeiros amistosos após a Copa do Mundo de 2022, contra Marrocos, Guiné e Senegal, sob a batuta do interino Ramon Menezes. A passagem na Rússia, porém, foi breve, de 17 partidas.
Ali, começou a sucessão de empréstimos. Pouco aproveitado, retornou para defender as cores do Internacional em 31 jogos. Começou bem sob o comando do técnico argentino Eduardo Coudet, mas a cavadinha mal executada na semifinal do Campeonato Gaúcho contra Juventude lhe queimou o filme. Foi aos prantos devido ao excesso de confiança, pois pelo clube russo havia decidido o título da Supercopa com o recurso.
Robert Renan tem justamente uma partida contra o Corinthians, pelo colorado. Jogou os 90 minutos da vitória por 1 x 0 sobre os paulistas pela 10ª rodada do Brasileirão do ano passado. Após a experiência no lado vermelho de Porto Alegre, viveu o Mundo Árabe com a ida ao saudita Al-Shabab, o último clube antes do Vasco. Emprestado ao cruzmaltino desde agosto, o zagueiro brasiliense indica ter fincado raízes no Rio de Janeiro após chegar com juras de amor.
"Sempre tive um prazer enorme de querer vestir a camisa do Vasco, minha família toda é vascaína. Em Brasília, tem muito vascaíno, e estou me sentindo honrado, de verdade, de vestir essa camisa. Realizei um sonho", discursou na chegada.
Fernando Diniz é o segundo treinador brasileiro dele após experiências em cinco clubes. Trabalhou por curto período com Roger Machado no Internacional e entendeu a metodologia o do dono da prancheta da Seleção Brasileira. Assumiu a titularidade da zaga ao lado do colombiano Carlos Cuesta.
Um dos atributos que o levam a ser quase intocável é qualidade na saída de bola. O canhoto de 1,86m de altura tem excelente aproveitamento no passe. Encerrou a Série A do Brasileirão com média de 88% em 15 partidas. A eficiência nos botes e divididas também são trunfos do jovem. No campeonato por pontos corridos, tomou apenas um cartão amarelo. Em três exibições na Copa do Brasil — duas contra o Fluminense e uma contra o Botafogo —, não foi advertido nenhuma vez e colaborou com conversões de pênaltis contra o Glorioso e o Tricolor.
"Tenho muitas coisas para falar do Robert Renan. Com a idade que tem, há um lado positivo, a personalidade. Naquele dia (da cavadinha mal executada), tive muita vontade de trabalhar com o Robert, porque sabia o que aconteceria dali para frente. É um jogador jovem, humilde, e o sistema do futebol é opressor e acaba limitando as chances do Robert, sozinho, dar a volta por cima", comentou Diniz, após a classificação sobre o Botafogo.

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