
Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025, uma série de mudanças políticas e regulatórias reacendeu debates sobre direitos civis, imigração e políticas sociais. A nova orientação do governo federal já provocou reações em diversos setores da sociedade — inclusive no meio artístico, onde nomes influentes anunciaram publicamente a decisão de deixar o país. Embora as motivações variem, muitos citam preocupações com o cenário político como fator central.
Entre os pontos de tensão, estão decretos que alteraram significativamente políticas sobre saúde reprodutiva, identidade de gênero, diversidade institucional e imigração. Em janeiro de 2025, Trump assinou uma série de ordens executivas, incluindo a 14182, de nome "Cumprimento da Emenda Hyde", que restabeleceu restrições ao financiamento federal de abortos eletivos, revertendo medidas adotadas na gestão anterior.
A Emenda Hyde, em vigor desde 1976, proíbe o uso de verbas federais para custear abortos, exceto em casos de estupro, incesto ou risco à vida da gestante.
No mesmo mês, a ordem executiva 14168, que recebeu o título de “Defendendo as mulheres do extremismo da ideologia de gênero e restaurando a verdade biológica ao governo federal”, redefiniu a política federal sobre identidade de gênero, reconhecendo oficialmente apenas o sexo biológico como critério legal. A medida teve impacto direto sobre o acesso de pessoas trans a cuidados de saúde, espaços públicos e documentos oficiais, afetando até mesmo estrangeiras, como as parlamentares Duda Salabert e Érika Hilton.
Também houve mudanças na estrutura institucional do governo. A ordem de número 14151, chamada de "fim dos programas DEIA radicais e desperdiçadores no governo” extinguiu programas federais de diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade, com o argumento de “eliminar práticas discriminatórias disfarçadas de inclusão”. A medida resultou na suspensão de subsídios e na retirada de referências a minorias em plataformas governamentais.
Na área de imigração, dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA, indicam que foram realizadas mais de 142 mil deportações, em operações que, segundo organizações de direitos civis, ocorreram de forma desorganizada e sem o devido processo legal, afetando inclusive famílias com crianças.
A seguir, veja quem são os nomes que tomaram essa decisão e para onde foram.
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Após o fim de sua turnê Ellen’s Last Stand…Up, Ellen DeGeneres e a esposa, Portia de Rossi, decidiram inicialmente passar uma temporada no Reino Unido. A permanência virou mudança definitiva após a confirmação da reeleição de Trump. Em julho de 2025, durante uma conversa pública em Cheltenham, na Inglaterra, Ellen afirmou: "Chegamos um dia antes da eleição e acordamos com mensagens cheias de emojis chorando. Pensei: 'Ele venceu'. E então dissemos: ‘Vamos ficar aqui’."
O casal ainda considera renovar os votos de casamento em território britânico, diante da ameaça de retrocessos nos direitos LGBTQIA+ nos EUA, especialmente no que diz respeito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Rosie O'Donnell
Rosie O’Donnell, conhecida por sua oposição a Trump desde 2016, mudou-se para a Irlanda com a filha. Em março de 2025, declarou em vídeo nas redes sociais: “Tem sido devastador ver o que está acontecendo politicamente lá (nos EUA)... Quando todos tiverem direitos iguais garantidos, aí sim vou considerar voltar.”
O processo de obtenção de cidadania irlandesa para a artista e a filha, já está em andamento.
James Cameron
O renomado diretor de Titanic e Avatar, nascido no Canadá, mora na Nova Zelândia há mais de uma década, mas deixou claro que o clima político atual dos EUA reforçou sua decisão de não voltar. Em entrevista ao podcast The F#$%ing News, em 2025, Cameron afirmou: “Vejo um afastamento de tudo que é decente. Os EUA estão esvaziando o significado do que sempre representaram.”
Ele busca a cidadania neozelandesa e tem dedicado seu tempo ao desenvolvimento das próximas sequências da saga "Avatar", produzidas nos estúdios de Wellington.
Eva Longoria
Eva Longoria, atriz e ativista política, também optou por deixar os EUA. Embora afirme que a mudança teve relação com compromissos profissionais, revelou à Marie Claire que a “reeleição de Trump e o clima político distópico” pesaram na decisão. A atriz agora divide seu tempo entre o México e a Espanha.
Sophie Turner: de volta ao Reino Unido
A atriz britânica Sophie Turner, que viveu nos EUA durante seu casamento com Joe Jonas, retornou ao Reino Unido com as filhas após o fim da relação. Em entrevistas às revistas Vogue e Harper's Bazaar, Turner citou a violência armada, a perda de direitos das mulheres e o sentimento de insegurança como razões principais para a mudança. “Enquanto as crianças perdem o direito à vida e as mulheres, seus direitos reprodutivos, o país continua priorizando armas. Eu precisava sair”, disse.
Richard Gere
Embora sua decisão tenha sido motivada principalmente por razões familiares — sua mulher é espanhola —, Richard Gere não esconde seu incômodo com os rumos políticos dos EUA. Em novembro de 2024, afirmou que o país “segue por um caminho sombrio” e que, embora ainda participe dos debates sociais e políticos americanos, está focado em criar seus filhos em solo espanhol.
Courtney Love
A ex-vocalista da banda Hole revelou que pretende se estabelecer definitivamente no Reino Unido. Em evento realizado em Londres, em março de 2025, criticou a figura de Trump e sua administração, dizendo que os EUA vivem um “culto ao imperador” e que a situação atual é “como cianeto”.
Robin Wright: "A América é um caos"
Em entrevista ao jornal britânico Times, a atriz Robin Wright disse viver no Reino Unido há alguns anos e não pretende voltar aos EUA. “Lá tudo é correria, competição, velocidade... aqui existe uma liberdade de ser. A América é um caos”, afirmou.
Minnie Driver: sem planos de retornar
Minnie Driver, que viveu décadas em Los Angeles, retornou ao Reino Unido e, segundo declarações recentes, não planeja voltar aos Estados Unidos. Embora não tenha mencionado Trump diretamente, o contexto político fez parte do pano de fundo de sua decisão.
Famosos que ameaçaram sair
Outras celebridades também manifestaram descontentamento com a reeleição de Trump, ainda que não tenham concretizado a saída do país. Entre elas estão Cher, Barbra Streisand, America Ferrera e o diretor Ryan Piers Williams. Em entrevista ao The Guardian, Cher foi direta: “Se ele entrar, desta vez eu saio do país”.