VATICANO

Em tempos de mudanças, o que esperar do novo papa?

Leão XIV assume o papado com grande expectativa, seguindo os passos de Francisco, com desafios globais como guerras, crise ecológica e a transformação tecnológica com a inteligência artificial

Papa Leão XIV discursa à multidão no púlpito da Basílica de São Pedro -  (crédito:  AFP)
Papa Leão XIV discursa à multidão no púlpito da Basílica de São Pedro - (crédito: AFP)

O simbolismo de Leão para a Igreja Católica é enorme. O primeiro a usar entrou para a história pela liderança espiritual e pela diplomacia, ao se encontrar com Átila, o Huno, no ano 452, e dissuadi-lo da invasão à Itália, e evitar a destruição do Império Romano.

Antes da escolha do cardeal norte-americano Robert Prevost, o italiano Gioacchino Pecci havia sido o último a utilizar o nome, lá no século 19. E Leão XIII é apontado por vaticanistas como um dos papas mais importantes da história.

Ao longo dos 25 anos de pontificado, ficou marcado por diversas iniciativas e ações significativas. É autor da histórica encíclica Rerum Novarum, de 1891, que abordou a questão operária, os direitos dos trabalhadores e a justiça social, após a revolução industrial e o Manifesto Comunista de 1848. O documento é apontado por historiadores como o marco inicial da doutrina social do catolicismo.

Por isso, Leão XIV assume o posto cercado de expectativa. Quantitativamente, está à frente da maior instituição mundial. São mais de 1,4 bilhão de fiéis em todo o mundo. Não à toa, a escolha do cardeal norte-americano para comandar a Igreja Católica tornou-se manchete nos 10 jornais mais influentes do planeta, desde o The New York Times até o Le Monde, passando pelo El País e The Guardian.

Bem próximo de Francisco, que entrou para a história como o primeiro papa não europeu em mais de mil anos, Leão XIV surge como herdeiro da ternura e coragem do antecessor. Se o argentino desafiou a tradição, abriu caminhos e deu um passo adiante em uma nova era da Igreja Católica, o norte-americano assume com a missão de construir pontes entres as nações e defender a paz, como fez ontem na primeira declaração na Praça de São Pedro, em tempos de guerras.

O papa é também uma das principais vozes do mundo, que está no meio de uma emergência ecológica e de uma grande transformação tecnológica, que deve provocar mudanças no emprego e nas relações trabalhistas. A discussão da relação do ser humano com a máquina — leia-se, inteligência artificial — precisa estar presente no dia a dia de todos os líderes mundiais para indicar caminhos e promover uma reflexão ética sobre onde podemos parar.

Leão XIV será um papa com discurso político? Não sabemos ainda. O fundamental é ter em mente que a religião, no caso o catolicismo, é algo que as pessoas procuram para atender a uma satisfação da alma, do espírito, prioritariamente.

postado em 09/05/2025 06:07
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