
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende visitar nesta quinta-feira (3/7) a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner durante sua viagem a Buenos Aires, onde participa da Cúpula Chefes de Estado do Mercosul.
A visita foi autorizada pela Justiça Federal da Argentina após pedido dos advogados de Kirchner. A informação foi publicada pelo jornal argentino Clarín. Kirchner está em prisão domiciliar, condenada pela Suprema Corte por corrupção por fraudes em contratos e licitações quando ocupou a presidência, entre 2007 e 2015.
Lula prestou apoio publicamente à ex-presidente argentina após um telefonema no dia 11 de julho. “Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil. Notei, com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando”, comentou nas redes sociais.
A ligação ocorreu no dia seguinte à condenação, determinada pela Suprema Corte em 10 de junho. Kirchner, por sua vez, nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política.
Para Lula, o encontro é uma contrapartida à visita do então candidato à presidência da Argentina, Alberto Fernández, quando o petista estava preso na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, em 2019. Fernández é do mesmo grupo político de Kirchner e foi eleito presidente naquele ano.
O Planalto não confirmou oficialmente a visita a Kirchner. A agenda de Lula em Buenos Aires será apertada e o presidente volta ao Brasil no mesmo dia.
Sem reunião com Milei
A decisão de Lula pode aprofundar o mal-estar com o atual presidente da Argentina, Javier Milei, opositor de Kirchner. Os dois líderes já não possuem boa relação, principalmente por críticas de “corrupto”, “ladrão” e “comunista” feitas por Milei contra Lula, e pela proximidade entre o argentino e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2024, na primeira viagem de Milei ao Brasil após sua eleição, o argentino ignorou Lula e visitou Bolsonaro durante um evento da extrema-direita em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ele chamou o ex-presidente brasileiro de “perseguido judicial”, devido aos processos do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro.
Também não há previsão de encontro bilateral entre Milei e Lula amanhã. Os dois se encontrarão na Cúpula do Mercosul, bloco que atualmente é presidido pela Argentina. No evento, Milei passará a presidência rotativa para Lula.