
Cerca de um mês após sofrer ataques e abandonar audiência no Senado Federal, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi novamente interrompida e hostilizada por parlamentares em sessão na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (2/7).
O episódio foi marcado por falas debochadas de deputados do PL. Enquanto respondia aos questionamentos sobre queimadas e os índices de desmatamento, Marina foi interrompida por Zé Trovão (PL-SC), que afirmou em tom irônico: “Se acalme, ministra.”
A frase, dita quando Marina falava sobre os avanços na redução do desmatamento na Amazônia, causou reação imediata por parte da ministra. “Quando um homem ergue a voz, ele está sendo incisivo. Quando uma mulher fala com firmeza, dizem que é show”, rebateu.
O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) subiu o tom ao acusar o secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco, de envolvimento com interesses privados em concessões ambientais. O parlamentar se referiu à ministra como “uma vergonha” e criticou sua atuação com declarações como “a senhora não tem nada a falar de verdades”.
A ministra reagiu: “Eu quero usar esse tempo para fazer um desagravo ao Ibama. O Ibama é uma instituição altamente respeitada, que faz o seu trabalho mesmo sob ameaça de criminosos. Em dois anos, entregou uma redução de 46% no desmatamento da Amazônia. Isso é fato.”
Gustavo Gayer (PL-GO), por sua vez, questionou a coerência da ministra em ocupar cargo no alto escalão do governo Lula, lembrando das críticas que Marina fez ao PT no passado. Ele ainda apontou supostos repasses a ONGs em detrimento do Ibama e fez acusações relacionadas à realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, em Belém.
A sessão precisou ser interrompida em diversos momentos devido aos ataques à ministra. O episódio ecoa o que aconteceu há cerca de um mês no Senado Federal, quando Marina também foi alvo de interrupções e ataques por parte de parlamentares oposicionistas.
Em ambas as ocasiões, a ministra foi confrontada de maneira desproporcional, com acusações políticas amplas que muitas vezes desviaram do tema central da pauta ambiental.
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