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PL quer Tarcísio para o Planalto em 2026

Valdemar Costa Neto diz que governador prometeu se filiar à sigla caso seja candidato à Presidência. Gestor paulista parafraseia JK

Tarcísio diz que um novo governo
Tarcísio diz que um novo governo "precisa fazer pelo menos 40 anos em quatro" - (crédito: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)

São Paulo e Brasília — A pouco mais de uma semana do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, voltou a testar o terreno para uma eventual filiação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em um evento nesta segunda-feira, disse que o gestor paulista confirmou duas vezes que tem intenção de ir para o PL se for concorrer à Presidência em 2026.

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"O Bolsonaro, se não puder ser candidato, vai escolher um candidato a presidente e a vice, e será pelo PL, isso está liquidado. O Tarcísio já declarou, tive um jantar com ele há um ano e meio atrás, e ele falou: 'Se eu for candidato, eu vou para o PL'. No jantar com os governadores, na frente de cinco governadores, ele disse: 'Eu sou candidato a governador, mas se eu for candidato a presidente, eu vou para o PL'", afirmou Costa Neto no seminário Brasil Hoje, do think-tank Esfera, em São Paulo.

Tarcísio também participou do evento e, embora tenha evitado falar sobre uma eventual candidatura ao Planalto em 2026, fez uma análise sobre qual seria o caminho que o governo federal deveria tomar nos próximos anos. Fez referência ao presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), responsável pela construção de Brasília, e ao seu slogan de fazer o Brasil avançar "50 anos em 5".

"Esse cara impulsionou a indústria, interiorizou e construiu o Brasil. Ele construiu uma cidade, que é a nossa capital, em três anos. Então, um líder disruptivo, uma pessoa que pensou o futuro, que implantou bases para a gente dar um salto subsequente. Não sei qual vai ser o lema de um novo governo, mas sei que a gente precisa fazer pelo menos 40 anos em quatro. Isso está muito claro", disse o governador.

O ex-ministro da Infraestrutura também falou em enxugar a máquina pública e defendeu um governo federal com menos ministérios. Para Tarcísio, o número atual de pastas é "enorme e desnecessário" e o Brasil poderia seguir exemplos como o da Argentina, que, sob a presidência de Javier Milei — aliado do clã Bolsonaro —, promoveu uma mudança radical no tamanho do Estado.

Estratégia

Apesar dos acenos e da baixa possibilidade de reversão da situação de inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o PL diz que o plano A para 2026 seguirá sendo o ex-presidente. No evento, Valdemar disse que o objetivo do partido é torná-lo elegível novamente. A estratégia, segundo ele, será esperar a posse do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes Marques no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal estará sob sua presidência durante o pleito do próximo ano.

"O presidente que cassou a possibilidade do Bolsonaro ser candidato foi o Alexandre de Moraes. O presidente no próximo ano será o Kássio Nunes. Nós vamos entrar com requerimento. Vamos pedir para ser revista essa decisão. Mas ele precisa estar liberado pelo STF, senão cai na ficha suja", explicou, referindo-se ao processo da tentativa de golpe de Estado.

"O Bolsonaro tem grande chance de ser candidato porque não tem como condená-lo. (...) No Brasil, você pode tramar um golpe, pode tramar um assassinato, desde que você não faça nada. Não é crime. Por exemplo, queriam matar o Alexandre (de Moraes), mas não fizeram nada. Não é crime. Como eles falam que 8 de janeiro era o golpe? Nós tentamos dar um golpe no país com 20 'pés de chinelo' quebrando as coisas? Isso é baderna, já teve várias vezes no Brasil", declarou o presidente do PL.

Também participante do evento, o ministro Gilmar Mendes, do STF, evitou citar diretamente o presidente do PL, mas foi enfático ao afirmar que os processos que tornaram Bolsonaro inelegível já transitaram em julgado — ou seja, não admitem qualquer recurso.

Clã irritado

Bolsonaro deixou claro, desde que foi condenado, que não aceitaria um candidato para representar a direita brasileira que não tivesse o seu sobrenome. Embora tenha resistido no início, chegou a falar, em algumas oportunidades, em passar o bastão para um de seus filhos. Rejeitou categoricamente, no entanto, colocar a mulher, Michelle Bolsonaro, na disputa, apesar de a ex-primeira-dama pontuar bem nas pesquisas.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reforçou, nesta segunda-feira, o posicionamento do pai. Mandou um recado aos nomes da direita que poderão substituir seu pai na corrida presidencial em 2026. Sem citar nomes, o parlamentar afirmou que há quem queira "entrar em campo" dando ordens ao ex-presidente. "Se eu fosse virar piloto, buscaria conselhos com (o piloto Nelson) Piquet; se fosse entrar no ramo do cinema, desejaria dicas de Mel Gibson. Para fabricar carros, procuraria ouvir os engenheiros da Ferrari. Agora, na política brasileira, os 'craques' querem entrar em campo dando ordens em Bolsonaro", criticou.

A fala ocorreu dois dias depois de o governador de Goiás e pré-candidato à Presidência, Ronaldo Caiado (União Brasil), dizer em um evento, no sábado, ao lado dos governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que um dos três estará no Planalto em 2027.

 

postado em 26/08/2025 03:55
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