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Heringer, ex-aliado de Lula, elogia oposição na CPMI do INSS

Líder do PDT destaca papel de Carlos Viana e Alfredo Gaspar, apesar do rompimento do partido com o governo em maio

Ao elogiar parlamentares do campo bolsonarista, o líder pedetista reforçou a postura de independência em relação ao Executivo -  (crédito: Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados)
Ao elogiar parlamentares do campo bolsonarista, o líder pedetista reforçou a postura de independência em relação ao Executivo - (crédito: Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados)

Na abertura dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta terça-feira (26/8), o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), surpreendeu ao adotar um tom de conciliação e elogiar justamente parlamentares da oposição bolsonarista. Em seu discurso, ele destacou a condução do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e do relator, deputado Alfredo Gaspar (PL-AL), defendendo que a CPMI seja marcada pela previsibilidade e pelo espírito de solução, não de disputa.

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A posição chama atenção pelo fato de o PDT ter integrado a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até maio, quando rompeu com o governo após a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência. O gesto de Heringer, ao reconhecer o papel da oposição na condução dos trabalhos, é visto nos bastidores como mais um sinal de distanciamento em relação ao Planalto.

“Nós não podemos pensar inicialmente nessa CPMI como um local de disputa. Nós temos que pensar nessa CPMI como um local de solução. Um problema muito grave, muito feio, que acomete esse país há muitos anos”, afirmou. Ao falar de Viana, o pedetista ressaltou a importância da previsibilidade na agenda da comissão. “Gostei muito da maneira com que o senhor propôs a nossa CPI (…) porque aqui não é lugar da gente errar, é lugar da gente acertar.”

Sobre o relator, Heringer disse ter buscado referências e afirmou ter recebido “excelentes recomendações” sobre Gaspar. “Gostei muito quando ele colocou sua posição ideológica, porque não pode pairar dúvidas quanto a isso, mas quanto à posição de magistrado que deve exercer nesse papel.”

O deputado também defendeu que a comissão respeite o princípio da presunção de inocência ao ouvir ex-ministros e ex-presidentes do INSS, mas deixou claro que espera punição rigorosa para quem tiver responsabilidade comprovada. “Estou aqui para dar o benefício da análise a qualquer um que for imputado de crime, mas também dar a punição necessária a quem restar comprovado que meteu o dedo na cumbuca e que tirou os recursos dos pobres.”

Virada política

É importante lembrar que a bancada do PDT na Câmara decidiu, no dia 6 de maio deste ano, abandonar a base do governo Lula com seus 17 deputados federais quatro dias depois de o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, pedir demissão após a fraude descoberta em descontos de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O líder do partido, deputado Mário Heringer (MG), chegou a afirmar que o PDT não seguiria para a oposição e seria “independente” na Câmara. O parlamentar acrescentou que a decisão não era uma "retaliação" pela saída de Lupi, mas que o caso da fraude no INSS foi a gota d’água que faltava para a legenda sair do governo.

“Esse problema de relacionamento com o governo já vem há muito tempo. A questão do INSS, que é uma questão muito importante para nós e para todos os brasileiros, foi, na verdade, mais um episódio. Foi o pingo d'água que faltava. Não é retaliação”, disse.

 

Por Wal Lima
postado em 26/08/2025 12:29 / atualizado em 26/08/2025 17:18
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