Tensão diplomática

Itamaraty reage a ataques de Israel contra Lula: "Grosserias inaceitáveis"

A chancelaria brasileira classificou falas recentes do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, como "ofensas e inverdades"

Ministro de Israel ofendeu Lula, chamando o petista de "apoiador do Hamas" -  (crédito: X-Reprodução e Ricardo Stuckert/PR)
Ministro de Israel ofendeu Lula, chamando o petista de "apoiador do Hamas" - (crédito: X-Reprodução e Ricardo Stuckert/PR)

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) reagiu nesta terça-feira (26/8) às declarações do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”. Em nota publicada nas redes sociais, a chancelaria brasileira classificou as falas de Katz como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” contra o Brasil e o chefe de Estado.

“Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”, afirmou o Itamaraty.

A chancelaria brasileira destacou ainda que as operações militares de Israel já resultaram na morte de 62.744 palestinos, sendo um terço mulheres e crianças, além da imposição de “uma política de fome como arma de guerra” contra a população da Faixa de Gaza. O ministério lembrou que Israel é alvo de investigação na Corte Internacional de Justiça (CIJ) por “plausível violação” da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

Escalada diplomática

A ofensiva verbal de Katz ocorreu após o governo Lula anunciar a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo dedicado ao combate ao antissemitismo. O ministro israelense acusou o presidente brasileiro de se alinhar a regimes como o Irã, que nega o Holocausto e ameaça a existência do Estado de Israel.

A crise se intensificou depois que Israel informou, ontem (25), que as relações bilaterais com o Brasil passariam a ser conduzidas em “um nível diplomático inferior”. O motivo foi a recusa do governo brasileiro em conceder o agrément ao embaixador indicado por Tel Aviv para Brasília, Gali Dagan — passo necessário para que um diplomata seja oficialmente aceito no país anfitrião.

Acusações cruzadas

Katz afirmou que Lula já havia sido declarado persona não grata em Israel durante o período de Israel como chanceler, após declarações consideradas ofensivas sobre o Holocausto. Agora, segundo ele, a saída do Brasil da IHRA revelaria a “verdadeira face” do presidente.

O Itamaraty, por sua vez, responsabilizou o ministro da Defesa israelense pelo agravamento da crise, ressaltando que cabe a ele garantir que Israel “não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

postado em 26/08/2025 14:55 / atualizado em 26/08/2025 15:04
x