
Da mesma forma que é rica na criação arquitetônica e de mobiliário, Brasília tem também um vasto tesouro quando falamos em itens e objetos de decoração e de uso pessoal. E não importa o seu gosto, uma volta pelas barracas da Torre de TV ou pelos comércios locais encanta os olhos com peças de madeira, palha, couro, tecido, crochê e o que mais for possível imaginar.
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De acordo com a arquiteta Gabriela de Rossi, sócia-proprietária da Cerrado Chic, a arte brasiliense tem sido cada vez mais procurada tanto por profissionais da área quanto pelos clientes que chegam na loja em busca de algo exclusivo. "O design aqui da cidade está pulsando! Temos muitos talentos locais que assinam objetos e mobiliários com recursos da nossa região. É uma produção artesanal de qualidade!", explica a empresária.
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Madeira
A artesã Cláudia Maria de Lima conta que entrou para o mundo das criações manuais por acaso. Durante a pandemia, isolada, ela perdeu um irmão, o que mexeu bastante com seu estado emocional. Com crises de ansiedade e entrando em um processo depressivo, encontrou no artesanato a solução para cuidar da saúde mental ao mesmo tempo em que ganhou uma nova fonte de renda.
Uma vizinha ia expor umas plantas e, como sabia que o marido de Cláudia tinha madeira em casa, pediu que fizesse um suporte para os vasos. Depois desse primeiro favor, muitos outros vizinhos passaram a fazer encomendas. A madeira que iria para o lixo passou a se transformar em arte.
Nasceu a CJ Artesanatos (@cj.suportesparaplantas). Hoje, ela tem equipamento, CNPJ e vende para brasilienses e turistas na Torre de TV. "Eu fui gostando muito, virou uma terapia e depois meu trabalho, minha principal fonte de renda", conta.
Cláudia acredita que o trabalho manual com material reciclado está entre os produtos preferidos na capital, e fica feliz de, ao mesmo tempo em que cria e ganha dinheiro, fazer parte de um processo benéfico para o planeta, por meio da sustentabilidade e do uso consciente de materiais.
Couro
Casados há 15 anos, os empresários Fernanda e Will Pedrosa também entraram no mundo da criação artesanal por acaso. Em 2012, ele perdeu a carteira e, depois de não encontrar nenhum acessório que o agradasse, resolveu criar a própria.
Ali começou a relação com o couro. Os amigos e conhecidos perguntavam de onde era a carteira e, quando descobriam, queriam uma igual. Em 2013, ele criou uma empresa e passou a vender a carteira e outros produtos de uso pessoal, todos feitos em couro e artesanalmente.
Os anos se passaram e, em 2018, Fernanda também embarcou nas criações em couro. O casal se uniu também no âmbito profissional e lançou a Bowa (@bowa_co), na qual vende os produtos feitos à mão. É possível comprar desde porta-copos até capas para tablets totalmente personalizados, com nome, iniciais e até mesmo escolhendo a cor do couro e das linhas usadas na costura.
Uma das grandes preocupações dos dois é conscientizar as pessoas sobre a qualidade do couro bovino e deixar claro que o material não precisa ser fruto de crueldade e exploração. "Nenhum material se compara, em termos de qualidade e durabilidade, e é importante divulgar que é uma matéria-prima sustentável, um subproduto da carne que seria descartado. Só usamos couro que podemos rastrear a origem, temos esse cuidado", afirma.
Tecido
A artista têxtil e designer de produtos Israel Hora cria peças em crochê e outros materiais têxteis, usando todo tipo de tecido e de fios, trabalho que começou durante a pandemia, em 2020.
Ela teve contato com as técnicas e os tecidos enquanto pesquisava sobre o fazer manual feminino e se encantou. "O mundo da criação sempre fez parte da minha vida. Com o passar dos anos, eu me descobri e me desenvolvi como artista, por meio de estudos em residências artísticas, muita pesquisa e trabalho", lembra.
E, para ela, Brasília é sinônimo de formas leves. As curvas e os espaços são, para a artista, lembretes diários para respirar. "As linhas da cidade conversam com os fios que uso para tecer, e o silêncio das entrequadras me faz lembrar do tempo necessário em cada ponto. Assim como Brasília foi sonhada e construída com cuidado, minhas peças também nascem do encontro entre memória e matéria", completa.
A empresária, designer de interiores e de produtos, Eliene Lucindo também cria decoração com tecidos. Ela faz tapetes com fibras naturais, como lã, algodão e sisal, e, eventualmente, aventura-se em materiais diferentes, como o suede do tapete Cores do Planalto.
Fascinada por formas, padrões e desenhos desde criança, ela encontrou no artesanato sua vocação. "O design têxtil veio como uma forma de unir essa paixão com um desejo de criar peças que dialogam com o espaço e a memória afetiva", conta.
O contraste e a geometria de Brasília transformaram a cidade em fonte constante de inspiração. "O horizonte amplo, os tons do cerrado e a arquitetura modernista de Niemeyer influenciam diretamente meu olhar estético. O tapete Cores do Planalto, por exemplo, traduz esse diálogo entre paisagem e urbanismo, explorando a paleta terrosa e os recortes gráficos que remetem às linhas da cidade", completa.
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