
O estilo surgiu há muitos anos, como o nome dado às oficinas que faziam ternos, calças, casacos e blazers masculinos pelos alfaiates. Mas a alfaiataria só veio a ser feita na versão feminina na década de 1940, na época da Segunda Guerra, quando as mulheres passaram a ocupar postos de trabalho antes destinados aos homens, que estavam no campo de batalha. Era preciso substituir os grandes e nada práticos vestidos por roupas adequadas ao trabalho na fábrica e que fossem mais econômicas, usando pouco tecido.
Repleta de história, a alfaiataria já foi símbolo da mulher trabalhadora e independente, associada a uma imagem conservadora e até vinculada à política, representando uma imagem de sobriedade e formalidade ligada ao trabalho. Mas hoje, o estilo se tornou uma tendência livre do ambiente corporativo, e está presente em diversas formas nas passarelas.
A alfaiataria é um setor da moda que abrange moldes precisos, minuciosos, e se concentra em trajes mais sóbrios, com cortes retos e que exprimem maior elegância e seriedade em quem os veste. Mas além da ideia de seriedade, as peças de alfaiataria que vemos agora surgem em diversas cores, estampas e modelagens, e se tornaram um elemento curinga no guarda-roupa feminino.
Como usar
O Stylist Fernando Lackman diz que um look com alfaiataria não precisa necessariamente ser sério e corporativo. "Uma calça confeccionada a partir de técnicas de alfaiataria combinada com uma camiseta estampada com o personagem da Disney e com o conforto de um bom tênis, por exemplo, é um look moderno e jovial."
O Stylist ressalta que, para aderir ao look alfaiataria, não é preciso se vestir com um traje completo. Formas e tendências interessantes revelam as possibilidades de se usar uma peça combinando com elementos que aplicam outras técnicas industriais de costura ou de confecção. "Pode-se usar uma boa calça jeans, combinada a uma t-shirt com um blazer, e até um tênis" exemplifica Lackman.
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Em um lugar quente como o Brasil, usar trajes desse tipo pode parecer difícil, mas não impossível. Laís Xavier, personal Stylist e professora de moda do Senac, diz que o ideal é escolher peças que tenham tecidos mais leves, como o linho, o algodão ou os mistos, evitando os pesados, como lã, ou os 100% sintéticos, como acrílico ou poliéster.
Além disso, existem maneiras de deixar o look mais fresquinho, como substituir o blazer por um colete sem mangas, que pode ser usado sozinho ou sobre uma camisa branca. Ou até mesmo, optar por camisetas mais abertas e até sem alças, para um visual mais despojado.
Para quem quer optar pela tendência para trabalhar, mas sem abrir mão da versatilidade, a alfaiataria permite combinações que podem ser usadas no trabalho ou em um happy hour depois do expediente. "Uma mulher com um vestido e um blazer nos ombros está super bem vestida para qualquer ocasião", diz Lackman. "As pessoas precisam entender que a roupa não faz a ocasião, o que acontece é que a ocasião exige roupa, mas respeita o estilo individual."
Se ainda existem dúvidas sobre como combinar os trajes, uma opção é comprar o terno completo, com blazer calça e até colete. Assim, basta escolher a peça interna — uma camisa, uma camiseta ou uma blusa.
Mas, se a ideia é ousar, que tal investir em cores diversas, como amarelo flúor, vermelho cereja, pink, verde candy ou azul cobalto? "Vale a criatividade e o astral individual. É possível usar peças básicas e casar com um blazer colorido para eventos menos formais", ensina Lackman.
*Estagiária sob a supervisão
de Sibele Negromonte