São Paulo* — A 30ª edição da Futurecom, um dos maiores encontros de tecnologia, telecomunicações e cibersegurança do país, começou nesta terça-feira (30/9) com debates que apontam para o futuro da chamada "Saúde 5.0" — um modelo que alia inovação tecnológica e humanização no atendimento ao paciente.
No palco Future Congress, o painel de abertura reuniu o médico neurorradiologista Edson Amaro Junior, do Hospital Israelita Albert Einstein, Renato Citrini, gerente sênior de Produto da Samsung, Sônia Castral, analista da TGT, e Ana Claudia Ferraz, diretora de Vendas da Claro Empresas. A mediação ficou a cargo de Claudio Coelho, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups de Saúde e HealthTechs (ABSS).
Os participantes destacaram que a combinação de inteligência artificial, dispositivos vestíveis ("wearables") e conectividade deve redesenhar a relação entre médicos e pacientes, trazendo benefícios como diagnósticos mais ágeis, acompanhamento contínuo e tratamentos personalizados. Ao mesmo tempo, reconheceram que há desafios importantes em termos de regulação, acesso e confiabilidade.
Paciente no centro da inovação
Segundo os especialistas, a Saúde 5.0 propõe colocar o paciente no centro, priorizando a personalização e a humanização dos cuidados. “Com o apoio de big data, será possível personalizar tratamentos e ampliar o acesso à medicina, fortalecendo a telemedicina e a integração de diferentes níveis de atenção”, afirmou Sônia Castral.
A diretora da Claro Empresas, Ana Claudia Ferraz, reforçou que a expansão da conectividade será decisiva para que regiões remotas também tenham acesso às inovações. “Sem internet de qualidade, não conseguimos viabilizar a telemedicina nem os recursos de monitoramento de saúde em larga escala”, explicou.
Desburocratização da medicina
Um dos pontos discutidos foi o papel dos wearables (dispositivos vestíveis) na aceleração de processos de diagnóstico. Renato Citrini destacou que dispositivos como smartwatches e anéis inteligentes já permitem antecipar sinais de problemas de sono, antes mesmo da realização de exames tradicionais, como a polissonografia. “Um estudo com o Galaxy Watch mostrou que o tempo de sono dos brasileiros diminui ao longo da semana, o que pode indicar distúrbios a serem investigados”, disse.
Essas ferramentas, porém, não substituem o acompanhamento médico. “O uso dos sensores deve ser responsável, evitando autodiagnósticos. Os dados coletados precisam ser integrados ao cuidado clínico”, ressaltou Citrini.
Desafios de acesso e regulação
Para Edson Amaro Junior, os avanços da Saúde 5.0 dependem de um tripé: infraestrutura, regulação e inclusão digital. “É necessário pensar em como monitorar e armazenar os dados sem comprometer a privacidade dos pacientes. Ao mesmo tempo, precisamos de políticas que ampliem a conectividade e preparem profissionais para lidar com as novas tecnologias”, avaliou.
Apesar dos desafios, os especialistas foram unânimes ao afirmar que a integração entre tecnologia e saúde pode democratizar o acesso a cuidados médicos e contribuir para uma sociedade mais saudável.
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*A repórter viajou a convite do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos)
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